Como fui na sexta-feira à sessão do Sindicato da Poesia consagrada à poeta brasileira Adélia Prado, que comemorará, no dia treze, setenta e quatro anos, não resisto a transcrever dois poemas seus que me chamaram a atenção:
"Os moços bonitos me doem,
impertinentes como limões novos.
Eu pareço uma actriz em decadência,
mas, como sei disso, o que sou
é uma mulher com um radar poderoso.
Por isso, quando eles não me vêem
como se me dissessem: acomoda-te no teu galho,
eu penso: bonitos como potros. Não me servem.
Vou esperar que ganhem indecisão. E espero.
Quando cuidam que não,
estão todos no meu bolso."
in PRADO, Adélia - Poesia reunida. ARX, 1991, p. 96
E o que é "ganhar indecisão"? Ter dúvidas como sinónimo de crescer, ter maturidade? "J'aime les gens qui doutent"...
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